uísque e vergonha

R$36,00

Juliana Frank não vai caber onde você quiser. Charlotiê, a nossa “heroína” em Uísque e Vergonha… muito menos ainda. Dá para ver nas múltiplas transformações e nos novos batismos por que passa a identidade da menina que você vai conhecer quando entrar aqui neste livro (sinta-se em casa, se tiver coragem) toda uma série de referências, que parecem citações: de Lispector, de Hilda Hilst, de Cleópatra, de um elenco inteiro de mulheres indefiníveis, de toda uma garrafada de uísque e de pouca, muito pouca vergonha.

Um exército (tão, ai, tão pouco numeroso afinal) de pândegas, de putas, de bruxas: palhaças. Mas ao mesmo tempo o nosso amigo Beckett está por ali. Kafka. Sombras de uma psicodelia pós-moderna que parece a versão mais doida e mais alegórica ainda de um Thomas Pynchon. Alguém leu Rudolph Wurlitzer aí? Mas Charlotiê é só uma menina. E a Juliana é uma menina ainda. Só que cabe muita literatura na loucura das duas. Cabe muita invenção verbal, muito brilhantismo, muita loucura na literatura das meninas. O que não cabe, o que não quer caber e não vai caber nos moldes e nos lugares em que você pode ter pensado é a Juliana, é o porco, é a Charlotiê. São os sonhos embalados por cola cascolar. São as calcinhas que lotam uma mochila de exilada. São os homens que acham que estão se servindo de menina.

É a dor.

No fundo é a dor, que por trás da alucinação de um texto meio gonzo e meio gozo, faz com que toda a piração se eleve, se refine, ganhe os ares e as alturas da mais fina, da mais leve e mais densa literatura. Se você quer uma moça comportada e previsível, largue já da mão da Juliana. Se você quer um passeio doido, improvável, acelerado e absolutamente sem igual, pode pegar na mão da Charlotiê. Ou pegue na bunda (sinta-se em casa), se tiver coragem.

Avaliações

Não há avaliações ainda.

Seja o primeiro a avaliar “uísque e vergonha”

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *