Allegro ma non troppo

“Este é um livro sobre uma busca interminável e sobre possibilidades perdidas. Daniel parte em uma viagem e, a cada experiência vivida, forja, por acumulação, sua personalidade e visão de mundo. Todas as personagens estão em busca de algo; o irmão que foge de casa, o outro que vai atrás dele, a recepcionista estrangeira em uma nova cultura, a garçonete à procura de um sentido, a ex-namorada em busca do amor. Pois é na viagem para encontrar algo que todos acabam se encontrando. O aprendizado está no não compreendido. Daniel aprende a perder – certezas, amores – e assim constrói a sua passagem da adolescência para a vida adulta.

Paulliny escreve como quem conta uma história pessoal na mesa de jantar. Seu texto é afinado como um violino. A gente começa a ler e quando vê já está quase acabando. É possível que chame atenção a sua habilidade em narrar a partir de um protagonista masculino. Mais do que isso, Paulliny executa a mágica perdida entre os autores pós-modernos, de “sumir” para que a história se realize nos fazendo esquecer que estamos lendo ficção.

Ela nos conduz por uma aventura em que somos movidos pela curiosidade e apreensão em uma viagem sedutora por seus mistérios e pela promessa de recompensas. A vida é uma eterna busca, mesmo que não saibamos o que estamos procurando – e mesmo que não encontremos –, a vida é o caminho. No final do livro é o leitor quem percebe que encontrou algo. Mas sobre isso não posso contar, porque aí é você que vai ter que descobrir com a sua própria leitura. Boa viagem.”

Gabriel Pardal